
O primeiríssimo episódio do podcast, o Mestras de Obras, sobre o Arquitetura na Periferia, foi parte de uma instalação premiada pelo Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel durante a XII Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2020.
O episódio foi publicado em Agosto de 2018. Em 2020, quando as meninas do Arquitetura na Periferia foram convidadas a montar uma instalação na Bienal, mostrando seu trabalho, me pediram para contribuir editando uma paisagem sonora das mulheres na obra, assim como o episódio começa. Fiz uma versão mais longa, que ficava tocando como paisagem sonora da instalação.
Além disso, no meio de vários outros materiais mostrando o projeto delas, havia também um fone de ouvido no qual era possível ouvir meu episódio sobre elas.

Em 08/2020 publiquei um episódio chamado Primeiras Ilhas, sobre os sons do isolamento social das pessoas. Posteriormente o enviei para uma convocatória do Studio Ochenta, que aceitou o projeto de fazer uma versão em inglês. Regravei com as mesmas pessoas em inglês, enviei os áudios e eles fizeram uma nova edição super primorosa, publicadas em seus feeds.



A versão em inglês do episódio Primeiras Ilhas foi selecionada para o festival Project Lazaretta, que aconteceu em uma ilha na Grécia utilizada por séculos para fins nefastos ou de coisas indesejáveis socialmente, como ilha de quarentena, leprosário e campo de concentração. Este projeto seria a primeira vez que a ilha seria ocupada pela arte, refletindo sobre sua história mas também revitalizando o espaço. A convocatória foi para trabalhos sobre a pandemia pelo mundo.
Novamente, o episódio Primeiras Ilhas foi selecionado para mais um festival. Dessa vez foi o Somarumor, em sua terceira edição em 2023, um festival de arte sonora que acontece no Rio de Janeiro. O mais sensacional (e que eu não tenho vídeos disso e nem pude ir) é que as obras sonoras foram tocadas em um cinema! É o sonho de todo criador de som poder ouvir sua obra em um grande sistema de som.



Em 2021 elaborei, aprovei e executei até 2023 um projeto em um edital da Sec. de Cultura de BH voltado para as periferias, o Descentra, no qual realizei o projeto Paibola, em parceria com o Gilson Fubá, do Fubá Café, localizado no Barreiro de Cima, uma área historicamente importante para a cidade porém muito precarizada e desvalorizada pelo poder público. Pela Paibola criamos 10 histórias, algumas sobre pessoas do bairro, outras foram documentários criados em parceria com artistas locais, além de registrar também movimentos sócio-culturais importantes da região. A Paibola teve boa repercussão na mídia, também realizamos diversas escutas de podcasts pelo bairro, e até hoje os episódios eventualmente são inscritos e selecionados para festivais, como o “Natural da Terra”, escolhido para o Festival Irradia.



Capa do episódio "Natural da Terra"
Foram tantas histórias durante o projeto Paibola que várias ficaram só guardadas no desejo de fazer depois. Inesperadamente, no final de 2023, o festival Pequenas Sessões, de quem eu já era muito fã, teria pela primeira vez um edital para financiar a produção de obras sonoras com temas relacionados à água. Em busca de experimentar novas linguagens e fazer um uso mais diverso e criativo dos recursos, só juntei duas mulheres que acho que teriam muito a contribuir uma com a outra: a flautista Priscila Ribeiro Norberto e a raizeira e artesã Rita Cupertino. Foi uma oportunidade rara de ter os recursos e tempo para produzir uma narrativa com outro esquema de produção: ao invés de eu orientar tudo, fui só guiando e navegando pelas ideias da Pri e da Rita, e daí surgiu essa obra linda que foi A Voz, Água Corrente. A primeira exibição também foi algo super especial, com uma galeria itinerante em bicicletas, com um kit multimídia, com sons e projetores, que ia exibindo as obras pelas ruas de BH.


Galeria itinerante
Galeria itinerante